Elon Musk, aquecimento global e os limites da tecnologia

A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Para Oscar Wilde é a vida que imita a arte.

Dois eventos paralelos e, aparentemente, desconectados, motivaram este texto.

Recentemente, Elon Musk, divulgou em suas redes que recompensaria com US$ 100 milhões, quem criasse uma tecnologia capaz de capturar carbono da atmosfera e, assim, acelerar a progressão em direção à meta de zero carbono para frear o aquecimento global.

https://www.nbcnews.com/science/environment/elon-musk-offer-100-million-prize-best-carbon-capture-tech-rcna234

A partir desta declaração, em vários grupos de discussão sobre sustentabilidade que participo, iniciou-se uma discussão sobre os limites da tecnologia para se resolver um problema que, a princípio, bastaria que cada um fizesse a sua lição de casa, reduzindo a mitigando as emissões, plantando e regenerando florestas, em um ritmo necessário para reverter o aquecimento global.

Infelizmente, poderemos, em breve, chegar à conclusão que não haverá mais tempo hábil para se fazer o “certo” e a bomba-relógio da crise climática causará um senso de urgência cada vez maior, mas o tempo para agir será cada vez menor.

Caso tenhamos que recorrer à tecnologia para capturar carbono e, assim, frear o aquecimento global – e o Presidente Biden, igualmente, segundo esta mesma matéria, está incentivando este tipo de tecnologia – quem irá cuidar dos limites morais de tais decisões? Quais serão os efeitos colaterais?

Bom, aí entra o evento paralelo que mencionei no início do texto. A ficção pode nos ajudar a entender estes limites e colocar alertas importantes na governança sobre este tipo de tecnologia.

Recomendo a quem esteja preocupado com a crise climática e como ela deve ser resolvida, que assista à série da Netflix Snowpiercer (O expresso do amanhã). A tecnologia foi utilizada para “resolver” a crise climática, mas algo deu errado e a terra congelou a -100oC. É assustador imaginar, que na expectativa do surgimento de uma tecnologia salvadora, haja um relaxamento no cumprimento das metas do acordo de Paris e, por isso, a iniciativa de Elon Musk precisa ser analisada com cuidado, uma vez que ela pode incentivar a leniência quanto às atitudes de descarbonização que precisam ser feitas, independentes do surgimento de uma nova tecnologia para capturar carbono.

Sendo este um dilema moral, qual caminho você tomaria? Agir desde já com os instrumentos que a ciência já comprovou e que muitos já aplicam, para reverter o aquecimento global? Ou esperar até que alguém tome uma medida drástica por você, mas que afete o mundo todo? A pandemia nos mostrou como é possível algo se alastrar globalmente e afetar a todos.

Publicado por daniman66

Conselheira de Administração pelo IBGC com formação em engenharia Mecânica Aeronáutica e Mestre em Educação, além de especialista em gestão empresarial, planejamento estratégico e marketing interativo. Sustainability Management pela University of Cambridge. Climate Reality Leader (The Climate Reality Project, fundação do Ex-presidente Al Gore). ESG advocate. GRI Certified Training Center (Bridge3). Nos últimos 20 anos atuou como Vice-Presidente executiva e sócia na Manole Conteúdo. Diretora da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR), Membro do conselho curador da Fundação Sociedade Brasileira de Pediatria (FSBP), Membro dos comitês: Empresas Familiares do IBGC, Meio Ambiente e Energia e de Propriedade Intelectual do ICC (Bridge3). Membro do WCD, Membro do GRI, Membro do IBGC, Membro do ICC (Bridge3).

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